Conectando pessoas através do esporte

Desde pequenos estamos em busca de evoluir o movimento, vamos na tentativa e erro aprimorando a forma de nos movimentarmos. Um exemplo disso é o deslocamento de um ponto a outro, passando de uma simples engatinhada para uma caminhada assumindo a postura em pé, contra a gravidade. Pensando nisso, nosso colunista e fisioterapeuta Lucas Piveta escreveu hoje sobre a biomecânica de corrida e todos os pontos que envolvem uma boa postura para correr.

Sem saber se seríamos de fato corredores, ainda pequenos começamos a desenvolver caminhadas rápidas e corridas seguidas de tombos e quedas nos primeiros anos de vida. Isso mostra que o ser humano desde sempre, até considerando a época de nossos antepassados, está em constante evolução quando o assunto é postura e movimento, levando em conta que há muito tempo atrás o deslocamento de quatro apoios era o meio que utilizado para caçar. 

Sabendo disso, nota-se o quão importante é a área que estuda postura, movimento e biomecânica, porque há sempre um melhor jeito de executar uma tarefa (que é um movimento com um determinado objetivo a ser cumprido), como a corrida. Para isso ser analisado é necessária uma avaliação biomecânica do movimento e atualmente existem diversos centros de saúde que oferecem esse serviço. Contudo o mais importante é o atleta sair desse exame não apenas com um monte de números e gráficos impressos em mãos, mas sabendo de fato o que acontece com a sua mecânica de uma maneira simples e fácil, compreendendo até o porquê possivelmente tem dores durante ou após corrida e como corrigi-la.

Imagem: Freepik

Então para que serve de fato uma avaliação biomecânica?

Ela serve para buscar identificar o que há de acerto e erro na mecânica do atleta, principalmente tentar identificar possíveis desvios que possam ser fatores de risco para alguma determinada lesão ou até mesmo queda de desempenho. Ou seja, podemos utilizar a avaliação com caráter preventivo, em busca de performance ou como uma ferramenta guia para o tratamento.

Para quem é uma avaliação dessas? 

Para o atleta profissional, amador, adulto, jovem, idoso ou criança, tanto faz. Avaliação biomecânica é para todo mundo que busca se aperfeiçoar e correr para longe de lesões com bom desempenho dentro de suas limitações. 

Como funciona uma avaliação?

Há diversas formas de se avaliar, há centros de saúde que possuem equipamentos caríssimos com marcadores e câmeras 4k para filmagem em 3D. No entanto, isso encarece demais o preço final. A 2D é mais simples, às vezes até sem marcadores e o custo é bem menor. O importante mesmo é que o profissional consiga linkar a biomecânica com a sua queixa ou objetivo, e mais importante ainda é conseguir te explicar e te fazer entender tudo o que acontece na estratégia motora ou padrão de movimento. 

Imagem: Freepik

Qual tipo de avaliação escolher? 

Não é porque a avaliação é cara que ela é boa ou vice-versa, não leve o preço em consideração. A mais cara é devido aos custos dos equipamentos. Além disso, ela é muito utilizada em estudos científicos que precisam de dados precisos e refinados de angulações entre outros dados técnicos. A mais barata geralmente utiliza uma linguagem fácil, com aspectos mais qualitativos do que esses números e dados complicados, com a mesma eficiência em detectar desvios mecânicos. O critério da escolha deve ser na capacidade e didática que o profissional tem para te ensinar uma forma de correr mais eficiente, segura, sem lesões e principalmente sem rigidez. 

Falando de biomecânica de corrida, vou deixar algumas dicas e um panorama geral sobre a postura e movimento deste esporte. Antes disso, precisamos entender o real objetivo desse gesto esportivo, que é unicamente e exclusivamente em pé, se deslocar a frente, e só para FRENTE – com propulsão alternada de membros inferiores através da ação do pé ao empurrar o chão para trás, numa frequência alta de passos (cadência). Saliento que a corrida deve ser somente à frente, porque é só sairmos para correr que vemos um atleta correndo com desalinhamentos, oscilações verticais, laterais e rotacionais, que promovem um maior gasto energético, possíveis riscos de lesões e queda de performance. Mas todo mundo que corre então está sujeito a lesão por esses desvios? Sim! A corrida é um esporte cíclico, onde os desvios e oscilação ao se acumularem com as demandas de volume e intensidade do treinamento podem ser um problema. No entanto, é muito melhor se movimentar e poder talvez ter uma lesão musculoesquelética do que ficar em casa no sofá e sofrer com as todas as comorbidades do sedentarismo!

O que precisamos para ter uma boa dinâmica de corrida?

  1. CRESCE! Cresça o corpo como se tivesse um fio te puxando pra cima. Esse é o mantra da Reeducação Funcional, área da fisioterapia que cuida de postura e movimento. Isso garantirá uma ação vertical do corpo contra a gravidade, que quer nos empurrar pra baixo e principalmente fazer com que tenhamos aquela corrida agachada. 
  2. CORPO TODO A FRENTE, PENDULA. Como o objetivo da corrida é se deslocar a frente, o corpo todo deve seguir a intenção do objetivo. Isso ajudará a ter uma propulsão mais eficiente. 
  3. PASSOS CURTOS E FREQUENTES. Curtos o suficiente para sempre cair embaixo do corpo, sabendo que o comprimento de passo vai variar com a velocidade (quanto mais rápido, maior o comprimento), mas deve sempre cair embaixo embaixo do corpo para garantir uma melhor sustentação e ação da musculatura antigravitária. Passos frequentes para garantir uma corrida com uma fase aérea diminuída, quanto mais tempo no ar, maior será o tempo no chão – ficando suscetível a agachar demais na fase de apoio. 
  4. EMPURRA O CHÃO PRA TRÁS. É natural ver os corredores buscando a passada à frente do corpo e chutando a perna pra frente, que causa diversos problemas. Mas ora, precisamos nos deslocar à frente, certo?! Logo, precisamos empurrar algo para trás para tracionar e levar o corpo num sentido oposto, pra frente. Essa ação é exclusivamente iniciada pelos pés.  

Busque executar o básico da mecânica de corrida, seguindo as dicas acima. Isso irá garantir uma corrida mais fluida, sem tantas oscilações e desalinhamentos. E quanto mais nos aproximarmos de uma mecânica a qual o nosso corpo foi feito para realizar, estaremos mais seguros e com melhor eficiência ao executar o movimento, isso se traduz em não se machucar com facilidade e ter performance! Movimente-se bem para se movimentar sempre!

E você, está sempre atento à sua postura ao correr? Já fez alguma avaliação de biomecânica da corrida? Conta aqui pra gente nos comentários!

Se quiser saber mais sobre assuntos relacionados à corrida, continue lendo nosso BLOG, e também segue a gente lá no INSTAGRAM que sempre tem conteúdo sobre o assunto por lá!

Compartilhe
Lucas Piveta

Lucas Piveta é fisioterapeuta da Care Club Piracicaba, graduado pela Universidade Metodista de Piracicaba em Fisioterapia em 2017. Possui especialização em Fisioterapia no Esporte e Exercício. É ex-atleta profissional da Marcha Atlética pela SBAtletismo. Para saber mais acesse o INSTAGRAM.

Deixe uma resposta

X