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Intervenções terapêuticas na prática esportiva! Dor muscular após o treino é uma das situações mais comuns no mundo esportivo. Geralmente, é leve, tendo início no fim ou logo após o término do exercício e com duração de 24 a 48h. Entretanto, em alguns casos, a dor pode ser intensa e prolongada, começando na manhã seguinte e apresentando duração de até três a quatro dias. Essa dor muscular de início tardio recebe o nome de DOMS (dores musculares tardias), podendo ser necessário intervenções terapêuticas.

A DOMS, é um tipo mais raro de dor e ocorre após treinos que são incomumente longos e/ou intensos. Essas situações são pouco comuns para praticantes de esporte e atividade física regularmente. Entretanto, para os iniciantes e também para aqueles que estão retornando ao treinamento após a pandemia, tem sido muito comum.

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Intervenções terapêuticas na prática esportiva

Para quem ficou em home office, praticamente qualquer treinamento é extraordinariamente longo e intenso, e é por esse motivo que a DOMS ocorre com mais frequência e apresenta-se mais grave no início do processo de treinamento. Uma certa quantidade de DOMS é inevitável aos iniciantes, pois estão geralmente associadas ao processo inflamatório decorrente da ação proteolítica de degradação e reparo da fibra muscular. Além de fazer parte de um processo, completamente adaptativo e fisiológico, para que a fibra muscular possa se recuperar e ir crescendo adequadamente. No entanto, existem maneiras de minimizá-la, porque essa dor muscular é um sinal de provável lesão muscular.

Um grande amigo da medicina do exercício e do esporte, Roberto Nahom e colaboradores, fizeram um estudo sobre essa temática, publicada internacionalmente, com objetivo de realizar intervenções nesse tipo de dor.

Sobre o trabalho:

  1. Fontes de dados para a pesquisa – Foram pesquisadas as bases de dados PubMed, EMBASE, PEDro, Cochrane e Scielo, desde os registros mais antigos até maio/2020. Os termos de pesquisa usados ​​incluíram combinações de palavras-chave relacionadas a “DOMS” e “terapia de intervenção”.
  2. Destaques – Técnicas de contraste, crioterapia, fototerapia, vibração, ultrassom, massagem, exercícios ativos e roupas de compressão são mais eficazes do que nenhuma das intervenções terapêuticas para o tratamento da dor associada à DOMS tardia.Em comparação com nenhuma intervenção, nenhum efeito estatisticamente significativo na dor relacionada aos DOMS foi demonstrado para as técnicas de kinesiotape (bandagem neuromuscular), acupuntura, rolo de espuma, alongamento, eletroestimulação e terapia magnética.A baixa qualidade dos estudos incluídos deve ser considerada, para futuros ensaios clínicos, além de ser necessário melhorar os frágeis pontos metodológicos destacados.
  3. Resultados do levantamento do trabalho – Cento e vinte e um estudos foram incluídos. Os resultados revelaram que as técnicas de contraste (p = 0,002 I2 = 60%), crioterapia (p = 0,002 I2 = 100%), fototerapia (p = 0,0001 I2 = 95%), vibração (p = 0,004 I2 = 96%) ,ultrassom (p = 0,02 I2 = 97%), massagem (p <0,00001 I2 = 94%), exercício ativo (p = 0,0004 I2 = 93%) e compressão (p = 0,002 I2 = 93 %) apresentaram um efeito positivo melhor do que o controle (não fazer nada) na gestão de DOMS. Lembrando que a primeira aplicação das intervenções terapêuticas deve ocorrer imediatamente após a indução do dano muscular.
  4. Conclusão dos brasileiros – Evidências cientificas, mas de baixa qualidade, sugerem que contraste, crioterapia, fototerapia, vibração, ultrassom, massagem e exercícios ativos têm efeitos benéficos no tratamento da dor relacionada à dor muscular após a prática esportiva.Aos praticantes de atividades física e esportes, caso apresentem alguma dor persistente (ou piora) por mais de sete dias, é ideal se consultar procurando um médico do exercício e do esporte, pois existem diagnósticos diferenciais para DOMS como por exemplo as lesões musculares.

Artigo escrito pela Dra. Ana Paula Simões em parceria com Thomaz Silva Nunes

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Dra. Ana Paula Simões Ferreira

Dra Ana Paula Simões Ferreira é Professora Instrutora e Mestre em Ortopedia e Traumatologia, e Médica Assistente do grupo de traumatologia do esporte pela Santa Casa de São Paulo. RQE - N°28753. E Medicina Esportiva RQE - N°67412 . Para conhecer mais seu trabalho acesse o SITE.

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