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Qual a forma correta de pisar no solo ao correr? Essa é uma das dúvidas que mais circulam quando falamos sobre biomecânica de corrida. É um tanto quanto comum as pessoas terem essa dúvida e não terem respostas fáceis e diretas, mas não menos complexa. No post de hoje escrito pelo fisioterapeuta Lucas Piveta, vamos falar sobre o assunto!

Para começarmos, precisamos compreender algo que vem antes da pergunta inicial. Além de saber com que parte do pé iremos tocar o chão, devemos saber onde o pé deve chegar em relação ao seu corpo. Já falei sobre isso em um tema aberto sobre como correr melhor. Todavia, o pé deve sempre cair embaixo do corpo (nunca a frente!), isso pode garantir melhor sustentação do corpo todo contra gravidade e melhor ação do pé durante a corrida.

Então qual parte do pé devo usar?

Sabendo disso, vamos voltar ao tópico relacionado a que parte do pé devo usar. A resposta pra essa questão é DEPENDE. Mas ora, como assim Lucas? Pois é, depende porque precisamos entender e levar em conta a velocidade que o indivíduo está correndo. Vou te explicar. Cada parte do nosso corpo, cada aspecto do osso, músculo, tendão foi criado para que sejam utilizados da melhor forma possível, falando em pé, um exemplo disso é o calcâneo que possui um formato redondo – que facilita o rolamento do pé durante a caminhada ou corrida. Viu como as coisas tem um porquê?!

Imagem: Freepik

Porém, não é porque o calcâneo é redondo que vou ficar correndo tocando-o primeiro no chão. Agora te confundi, né?! Calma. Em resumo, quando numa velocidade baixa ou moderada é mais comum que seja realizado o toque do pé como um todo no chão empurrando-o para trás. Pelo fato de estar num ritmo mais tranquilo e com um tempo de contato maior em comparação com um ritmo rápido, dá tempo e é melhor que utilize o pé como um todo tracionando o chão. Pelo contrário, ao desempenhar um ritmo mais forte, como a galera da elite ou em comparação com os amadores que correm rápido, é mais comum que utilize meio e ponta do pé. Isso acontece pelo fato que não tanto tempo para que o pé se acomode como um todo empurrando o chão, o tempo de contato é muito rápido e tende a acontecer naturalmente com meio e ponta do pé nesses casos.

Então, cuidado atleta amador que tem um ritmo de conforto mais tranquilo ou moderado ao buscar reproduzir a mecânica do atleta de elite, nem sempre isso é uma boa ideia.

Agora que sabemos as formas ideias de se pisar durante a corrida, deve ter alguns corredores pensando “poxa, eu corro na ponta do pé e num ritmo mais tranquilo” ou “nossa, eu toco o calcanhar e depois o resto do pé”. Quais as consequências disso quando não estiver correndo da forma que nosso corpo foi “desenhado” pra ser usado? Segue abaixo:

1) Correr na ponta do pé num ritmo moderado a lento

Você estará sobrecarregando muito toda a musculatura conhecida como “panturrilha”, que é um conjunto de músculos localizados na parte de trás da perna. Usá-los de forma excessiva pode gerar lesões musculares de repetição, tendinite do tendão de calcâneo e até a famosa fascite plantar (dor na planta do pé) entre outras possíveis lesões relacionadas ao estiramento excessivo dessas estruturas sem a necessidade de uso das mesmas dessa forma.

2) Correr com toque de calcanhar excessivo, independente da velocidade

Quando esse toque vem acompanhado de forma ABRUPTA de chegar no solo e muito à frente do corpo, pode gerar inflamações no tendão de calcâneo, edema ósseo no osso do calcâneo, entre outras lesões. Mas, tudo bem tocar o calcâneo com o pé caindo embaixo do corpo, de forma não abrupta e num ritmo que condiz usar o pé como um todo.

Em resumo e pra finalizar, você pode correr com a ponta do pé desde que esteja num ritmo que necessite a passagem mais rápida pelo chão. E pelo contrário, também pode correr tocando o calcanhar seguido do pé todo empurrando o chão desde que esteja num ritmo que necessite desse contato maior do pé. E sempre (SEMPRE mesmo), o pé deve estar realizando o toque embaixo do corpo.

Curtiu essas dicas? Então conta pra gente como é a sua forma de pisar no solo ao correr! Você já reparou nisso antes??

Quer mais dicas sobre corrida e saúde? Então acessa ESSA SEÇÃO do nosso blog que está recheada de coisas legais!

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Lucas Piveta

Lucas Piveta é fisioterapeuta da Care Club Piracicaba, graduado pela Universidade Metodista de Piracicaba em Fisioterapia em 2017. Possui especialização em Fisioterapia no Esporte e Exercício. É ex-atleta profissional da Marcha Atlética pela SBAtletismo. Para saber mais acesse o INSTAGRAM.

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