“Meus pais praticavam corrida de rua quando eram jovens. O pai do meu filho começou a correr com mais idade e me influenciou bastante. Me apaixonei pela corrida e como a minha mente fica clara e a respiração flui”.
Esse é o depoimento de número 1.797, entre mais de 4 mil relatos recebidos no nosso último estudo: “Gen XYZ – Um estudo de gerações” realizado pelo Ticket Sports.
Em 2024, o aumento da participação de jovens em eventos esportivos foi o que motivou esse estudo sobre como diferentes gerações se relacionam com o esporte. A pesquisa analisou 4.158 respostas e revelou que cada geração tem motivações distintas, como performance, bem-estar ou socialização. Entender essas diferenças é essencial para inovar e criar experiências esportivas mais completas, inclusivas e conectadas com as demandas de cada público.
Os relatos são fortes, emocionantes e carregam um peso enorme. E a verdade é que, quando a saúde começa a se encontrar com a corrida de rua, dificilmente há caminho de volta.
Podemos provar
Mas falar dos benefícios da atividade física seria muito raso. Por isso, fiz a lição de casa e li muita coisa sobre o tema.
A prática regular de atividades físicas é apontada como uma das formas mais eficazes de prevenir e tratar problemas sérios e atuais, como doenças cardíacas, diabetes, câncer, depressão e até a chamada epidemia da solidão.
Vamos aos fatos:
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda pelo menos 150 minutos de atividade física por semana. Ainda assim, quase 23% dos adultos no mundo não atingem essa meta. Em algumas populações, esse índice chega a 80%.
Em 2019, em um mundo sem pandemia, a prática insuficiente de atividade física foi relacionada a mais de 800 mil mortes, tornando-se uma das principais causas de perda de anos de vida saudável.
Aqui no Brasil, em 2021, 36,7% da população foi considerada ativa, ou seja, conseguiu escapar do sedentarismo.
Nos dias 31 de março e 1º de abril, estive no Summit promovido pela Abraceo (Associação dos Organizadores de Corrida de Rua e Esportes Outdoor) e pela CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), e saí de lá com uma boa notícia: o número de praticantes está crescendo.
Hoje, o Brasil conta com cerca de 14 milhões de corredores. Isso representa aproximadamente 6,9% da população cuidando ativamente da própria saúde.
Ainda sobre o nosso último estudo, observamos uma tendência clara: à medida que a idade avança, a corrida se fortalece como ferramenta de cuidado com a saúde.
Para 75% dos Baby Boomers, pessoas de 61 a 79 anos, a prática esportiva está diretamente ligada à saúde. Já para a Geração Z, de 13 a 28 anos, esse número cai para 57%.
São dados que reforçam o poder do movimento não só do corpo, mas de uma mentalidade voltada ao cuidado e à longevidade.
Como Daniel Krutman, CEO do Ticket Sports, costuma dizer: “Corrida não é moda, não é uma bolha, é mudança social”. Talvez seja exatamente por isso que o mercado esportivo não apresenta quedas desde 1970. Porque onde há movimento, há transformação.
Porém, apesar dos resultados positivos e do impacto transformador que as corridas geram na sociedade, o investimento público no esporte ainda é insuficiente.
O aumento do número de praticantes mostra que, com o suporte adequado e com boas provas, ainda mais pessoas poderiam se beneficiar da modalidade, melhorando sua saúde e qualidade de vida, como acontece nos Estados Unidos, por exemplo, onde 50 milhões de pessoas se aventuram correndo de forma amadora ou profissional.
Mas fica a provocação: e se houvesse mais incentivo governamental? Quantas vidas poderiam ser impactadas, e até serem salvas, se o esporte fosse tratado como prioridade nas políticas públicas?
Se houver mais incentivo, mais pessoas descobrirão na corrida uma forma de transformação, assim como eu descobri. E, com esse crescimento, novas oportunidades de negócios também ganharão espaço, seja na venda de produtos e serviços voltados para corredores ou em iniciativas voltadas à saúde pública, com ações para conscientizar, informar e sensibilizar os participantes sobre a importância do cuidado com a saúde.
Fonte de pesquisa: maquinadoesporte.com.br
Texto: Gabriela Donatello