Conectando pessoas através do esporte

Sempre ouvimos dizer que a prática do esporte é muito importante para o  desenvolvimento biológico, emocional, afetivo e social de todas as pessoas. Isso não  difere-se às pessoas com deficiências.  Acredita-se que o esporte seja um excelente instrumento de inclusão, pois permite o  acesso à todas as pessoas, mas será que realmente todas as modalidades esportivas  estão preparadas para a inserção, acesso e permanência dessas pessoas? Nesse texto escrito pelo Projeto Pernas Caipiras, de Piracicaba, vamos falar um pouco mais sobre a acessibilidade nos eventos esportivos.

Nas corridas de rua, para que a acessibilidade aconteça são necessárias várias ações que atendam às  necessidades das pessoas com deficiências, de modo a garantir sua plena participação  social. 

Acessibilidade na corrida de rua

A primeira é a questão da superação das barreiras urbanísticas, isto é, os obstáculos nas  vias públicas como ruas e avenidas. Muitas vezes o seu estado de conservação é  precário, o que dificulta o transitar de cadeirantes ou pessoas com mobilidade reduzida.  Outra questão a se observar são as precárias condições das calçadas, onde também são  encontrados inúmeros obstáculos. 

Ainda falando de barreiras urbanísticas nas corridas de rua, devemos observar o terreno  onde o trajeto será proposto. Se há muitas subidas ou descidas e/ou terreno irregular, o trajeto pode exigir equipamentos muito sofisticados, praticamente inviabilizando a  participação de todos.  

Foto: Pernas Caipiras – Vikings Run – 2020

Outra barreira que limita o acesso das pessoas com deficiência é a questão da estrutura  disponibilizada aos corredores durante as competições, tais como: banheiros adaptados e comunicação alternativa para os surdos e cegos como intérpretes de Libras e  informações em Braille. 

Se o evento for de grande porte, se faz necessária ainda, a disponibilização de outras  ferramentas como os mapas e pisos táteis, além de Rotas Acessíveis de Fuga e Saídas de  Emergência com acesso direto a uma área externa, com alarmes sonoros, visuais e  vibratórios, de maneira a alertar as pessoas com deficiência visual e auditiva.  

Em relação a comunicação alternativa, cabe salientar que, as ferramentas e  acessibilidade devem ser disponibilizadas desde a divulgação até a realização do evento  em si. 

Relatos de atletas

Luciano Ribeiro, voluntário do Projeto Pernas Caipiras, participou em 2019 da primeira  edição da Corrida São Silvestre que permitiu oficialmente a participação dos atletas com  deficiência conduzidos em triciclos adaptados, ele cita a falta de banheiros adaptados  como uma das maiores dificuldades enfrentadas. “Em uma prova longa e com grande  público, onde é preciso chegar com antecedência para evitar contratempos, encontrar um local adequado para o atleta conduzido se torna um desafio ainda maior do que a  prova. No nosso caso, tivemos que pedir permissão à um hotel que ficava próximo ao  evento para que nosso atleta pudesse utilizar o sanitário”, conta Luciano. 

Rodrigo Silva Rocha, que desde 2013 participa de provas em todo o Brasil com o filho  Gabriel, conta que a primeira corrida não foi programada, foram convidados para assistir  a corrida e acabaram participando com a cadeira de rodas mesmo. Ele conta que a reação do filho foi de encantamento, o que o fez ter vontade de  participar de outras e pensar em algo que trouxesse mais conforto. Em 2014 veio o  primeiro triciclo, através da adaptação de uma cadeirinha de carro. 

O começo foi bem complicado para a dupla, era algo novo, desconhecido e foram muitos  os momentos em que discutiam com as organizações para conseguir largar em uma  posição que não atrapalhasse ninguém. 

“Com o tempo fomos ganhando o nosso espaço nas corridas de rua e as pessoas foram  entendendo o que estávamos fazendo ali, foram respeitando. Hoje em dia diversas  provas já contam com uma largada exclusiva para as pessoas com deficiência, pois o  número de participantes é muito maior”, diz Rodrigo. 

A barreira mais difícil de superar

Dentre todas as barreiras, talvez a que mais dificulte a acessibilidade dos atletas é a  barreira atitudinal. Ela corresponde ao preconceito, medo, estigma e desprezo frente a  pessoa com deficiência.  

Foto: Pernas Caipiras – Vikings Run – 2020

É muito comum as pessoas dizerem “Não sei como lidar com uma pessoa com  deficiência”, isto nos mostra que devemos vencer essa barreira, e isso só acontecerá  mediante a CONVIVÊNCIA e a busca por INFORMAÇÕES.  

A falta de conhecimento dos atletas participantes e da sociedade parece desconsiderar  as condições, necessidades e limitações dos corredores com deficiência. É preciso saber  mais sobre as questões da deficiência, para que desta forma, possamos incluir com  excelência essas pessoas.  

Esses conhecimentos devem incluir desde as formas corretas de se referir às pessoas  com deficiência, o respeito a sua individualidade e potencialidade, desenvolvimento da  empatia e o respeito ao próximo. 

Nunca se pode esquecer que somos TODOS diferentes, com capacidades e limitações e, no entanto, não podemos subjugar ou excluir ninguém de nosso meio.

E você, conhece alguém que participa de provas como cadeirante e que enfrente todas essas barreiras? Conta pra gente aqui nos comentários!!

O projeto Pernas Caipiras já escreveu outra matéria também para nosso blog falando sobre inclusão social no esporte que está super legal!! Para ler, basta acessar ESSE LINK.

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Pernas Caipiras

Pernas Caipiras é um projeto que visa a inclusão das pessoas com deficiência nos esportes, principalmente nas corridas de rua! Para conhecer mais sobre o projeto acesse o INSTAGRAM.

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