A correria do dia a dia, horários de trabalho intensos, fazem com que os treinos de corrida se encaixem “na hora que dá” seguido de uma grande cobrança por desempenho e resultado ocasiona no atleta prejuízos físicos, hormonais e psicológicos. Nesse post, a educadora física Joselia Doimo fala sobre a importância da periodização dos treinos para evitar a perda de rendimento e o overtraining.
Para um bom desempenho na corrida o ideal é que o corredor tenha o acompanhamento de um profissional qualificado que além de enviar a planilha com os treinos também faça o acompanhamento pelo feedback do aluno ou pelo aplicativo. Porém muitos corredores com a ânsia quererem obter logo o resultado tão esperado na corrida acabam ignorando o dia de fortalecimento e pior também ignoram o dia de descanso da planilha.
A periodização é extremamente importante, caso o balanço entre o estresse do treino e o descanso/ recuperação não seja alcançado, o atleta pode desenvolver o chamado overtraining ou sobretreino.
O que é o overtraining?
É um fenômeno que acontece devido a fatores internos e externos ao treinamento através que um conjunto de sintomas físicos e psicológicos que reduzem a performance.
Caracterizado pela inesperada diminuição do rendimento nos treinos, o overtraining não está apenas relacionado ao excesso de treino ou treinos inapropriados, mas principalmente ao repouso inadequado entre os treinos, levando o corpo à supercompensação.
O treinamento do atleta é organizado em ciclos de aplicação de cargas para estimular a melhor performance na prova alvo. Porém o overtraining traz justamente o resultado oposto, a queda na performance ou até mesmo lesões.
A síndrome de overtraining pode ser classificada como uma má adaptação que perdura por mais de dois meses, mas é necessário que se observe o estado do atleta para excluir fatores que possam ser confundidos como: cansaço, infecções, dietas e noites mal dormidas.
Os mais vulneráveis ao desenvolvimento do excesso de treinamento são: indivíduos muito motivados, corredores auto treinados ou com orientação sem qualificação, e os que retornam aos treinos sem a completa recuperação de uma lesão ou até mesmo do overtraining.
Quais os sintomas do Overtraining?
O overtraining é acompanhado de sintomas típicos como:
- Redução na performance: mesmo indo além dos treinos da planilha não há melhora dos tempos das provas;
- Fadiga persistente: o exercício prolongado pode gerar as alterações nos níveis de serotonina cerebral e o estado de fadiga física pode ser crônico;
- Dores tardias: com o exagero nos treinos e sem o descanso necessário o corpo começa a apresentar dores musculares e nos ligamentos que podem levar a inflamações e até mesmo a fraturas;
- Distúrbios de humor: aumento da ansiedade em melhorar a performance gera ansiedade podendo levar a depressão, nervosismo, irritabilidade e até mesmo uma baixa da auto estima.
- Distúrbios do sono: insônia ou dificuldade para pegar no sono acompanhado ou não de pesadelos que acabam não descansando o corpo.
Mesmo esses sintomas sendo típicos, a identificação do sobretreino é muito difícil devido a individualidade de cada atleta e as manifestações dos sintomas em cada um. Por isso, antes de iniciar um programa de treinamento é indicado preencher uma anamnese e realizar exames clínicos para que o professor consiga conhecer melhor o aluno e desenvolver os treinos baseado tanto na condição física e fisiológica do aluno, como também na parte psicológica.
Como tratar?
O tratamento deve ser individualizado, porém sempre com ênfase no descanso e nas seguintes variáveis:
- Sono: para que o organismo consiga se recuperar o indicado é no mínimo 8 horas de sono;
- Alimentação: uma alimentação com alimentos de qualidade em todas as refeições além da suplementação adequada durante os treinos. O ideal é o acompanhamento de um nutricionista que fará um cardápio individualizado;
- Treino: Com o organismo cansado ao extremo é importante uma conversa com o treinador e planejar uns dias de descanso para que o corpo debilitado consiga se recuperar e voltar aos treinos aos poucos com baixas intensidades e atenção à presença de algum sintoma no retorno aos treinos;
- Lesões: com a extrema vontade de treinar muitos atletas não se atentam às dores que são sinais do corpo a fadiga. Muitas dores no início só aparecem durante os treinos e logo depois a sessão ela some, porém, com o excesso de treino essas dores começam a ficar crônicas causando inflamações como canelites, fascites, bursites que podem levar até a uma fratura por estresse. Por isso muito cuidado com a automedicação, antes de tomar um remédio para a dor procure um fisioterapeuta e/ou um médico para descobrir a causa dessa dor.
Saber o limite é necessário para manter a saúde física e mental, portanto, procure um profissional de Educação Física qualificado antes de iniciar um programa de treinamentos, pois caso o objetivo seja correr uma maratona ou algo do tipo é muito importante a orientação para ajustar as cargas e os descansos.
Agora conta pra gente, como anda o seu rendimento nos treinos? Você já sentiu algum desses sintomas que listamos acima?
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