Oi você que está lendo esse texto, que por sinal só o título falando de emagrecimento deve ter te “laçado” pra cá, quero me apresentar antes de começar o nosso papo. Meu nome é Vanessa Haas, sou profissional de Educação Física e a mais nova colunista da Chelso.
Não, eu não vim te mostrar fórmulas mágicas ou dizer que você vai eliminar 10kg em uma semana. Eu vou te contar uma história de 10 (isso mesmo DEZ) anos e que, espero, vai te fazer entender que os únicos “segredos” para o emagrecimento duradouro e aquela imagem que você quer ver são: PACIÊNCIA, RESPEITO CONSIGO E DETERMINAÇÃO.
Pode parecer clichê esses três pontos ai de cima, mas a minha jornada começou bem cedo: aos 13 anos fui vítima de abuso sexual e isso desencadeou uma insegurança muito séria me levando a deixar de cuidar de mim. Sempre pratiquei esportes, mas quando nosso emocional está abalado recorremos ao ato de comer para ter prazer – notem que a comida é culturalmente sinônimo de conforto e/ou celebração.
O tempo passou e mesmo sendo ativa continuei me alimentando bem mal (escondendo sentimentos no prato), com isso o peso na balança foi subindo e meu sonho de cursar educação física foi pro ralo. Me escondi no Jornalismo, Marketing e na Locução.
Sabe o abuso? Pois é, quando ocorreu eu não lidei com ele de forma certa (psicólogo) e arrastei comigo ao longo da vida até que me deparei com mais um tranco – meu pai faleceu em 2008 e em conjunto minha mãe teve um início de AVC. Resultado? Lá fui eu para comida novamente, só que a situação se agravou e com 19 anos eu estava pesando 111kg.
Diagnóstico: 111kg, hipertensa, obesidade grau II e aval para bariátrica.
Ação: correr para longe da cirurgia e decidir agir por conta!
Depois de escutar do médico que eu poderia morrer e que sem a cirurgia seria impossível ter qualidade de vida, eu que sou teimosa fui “provar” que nada é impossível. E assim dei início a uma jornada de reeducação alimentar e academia.
De 2009 até 2011 eu eliminei 35kg, mas não tinha a menor noção de COMPOSIÇÃO CORPORAL. Isso mesmo, como eu falei que por trás da balança tem muito a entender é exatamente isso. A balança te mostra apenas um número, e ele pode significar muitas coisas, mas nem sempre a realidade (lição número 1 desapeguem dela). Foram 35kg a menos, porém sem qualidade muscular e sem lidar com meu emocional.
Em 2013 a ansiedade voltou e lá fui eu ganhar 10kg de novo. Bora mudar o trajeto! Nova nutricionista, de volta aos treinos e cuidado com o emocional (mas ainda sem acompanhamento psicológico). Descobri um amor enorme: CORRIDA!! E a meta era chegar aos 69kg (o que eu desacreditei e achei minha nutri louca). A corrida me tirou de antidepressivos, me trouxe condicionamento, acalmou minha ansiedade e regularizou minha pressão.
Tá tudo lindo né? Só que não. Eu cheguei nos 65kg, mas com isso veio: noivado, casamento, pressão e comparações com a nossa linda INTERNET! Além de não ter trabalhado meu trauma da infância e nem o luto pela morte do meu pai, comecei a querer me adequar em um “padrão” (totalmente inexistente) e aí desenvolvi transtorno alimentar e de imagem.
Pausa para a lição número 2: não se compare e nem acredite em toda foto que você vê em rede social.
Me casei em 2016 com bulimia nervosa. Emagreci? Não! Eu PERDI peso o que é totalmente diferente… Explicação rápida: emagrecer significa mudar sua composição corporal, ou seja, diminuir a quantia de gordura e aumentar ou manter a massa muscular; perder peso é aquele número da balança que muitas vezes pode ser gordura? Sim, mas muitas vezes pode ser água (retenção) e músculo (quando não há substrato energético suficiente), e foi esse segundo caso que aconteceu comigo.
Em 2017 fui atleta de corrida e nesse mesmo ano decidi ir atrás do meu sonho e cursar educação física. Um ano bem pesado já que não havia falado pra ninguém meu transtorno alimentar (existente desde 2015) e mesmo não comendo o suficiente dei o máximo de mim para conquistar os pódios (lição número 3 – não façam isso!). Porém, a corrida estava deixando de ter sentido e eu estava apenas “cumprindo metas”.
Foi em 2018, que reconheci que precisava de ajuda. Parei de competir, iniciei a terapia, falei do abuso, falei da bulimia, falei dos medos, falei de mim. Escutei meu corpo e comecei a cuidar da minha planilha de corrida (já possuía duas certificações). Abandonei a balança. E tive que dar um restart no meu corpo junto da mente.
Mas Vanessa, como você saiu dos 111kg e chegou nos atuais 55kg? Eu tive PACIÊNCIA. Foram praticamente 10 anos de altos e baixos, de aprendizados e de entender que nosso corpo é único. Podemos admirar e nos inspirar, mas é preciso lembrar que o corpo do fulano é dele!
Eu fiz as pazes com a comida. O comer é algo para nutrir e não sanar uma emoção; quando escutamos o corpo sabemos definir também nossas emoções e podemos direcionar de forma consciente cada uma. Lembre que sua relação com a comida tem muita ligação emocional, mais do que você imagina.
Treino para mim, e com a rotina agitada nunca passa de uma hora. A corrida voltou a ser minha terapia em movimento, ela voltou a ter sentido. Hoje os 55kg são com uma composição corporal de qualidade e não houve restrições, cobranças e nem comparações com outras pessoas. Foi de forma natural e saudável.
Entenderam que não existe fórmula mágica? Entenderam que somos muito mais do que um número na balança e que diante dessa pandemia nossas emoções estão afloradas. Muitos relatam desanimo, vontade de comer de tudo e tristeza; não é fácil, mas é nesse momento que estamos pedindo para cuidar da saúde. O mover-se ajuda com as emoções. Estar em atividade é para mente tanto quanto para o corpo, e quando você entender isso seus objetivos vão ficar mais palpáveis.
O que eu fiz? Eu me RESPEITEI. Lembre-se que é muito além do estético, e que cada um de nós tem seu tempo de mudanças. A tal qualidade de vida, o tal emagrecimento sustentável, o tal corpo duradouro e a famosa frase “mente sã, corpo são”.
Eu falei que não traria fórmulas mágicas e nem os “05 segredos de Vanessa Haas para o shape definido”; eu te trouxe uma realidade e termino com: “ei, você! Tá tudo bem! Eu tô contigo e vai por mim, pode demorar, mas você é capaz de ir muito além”.
E aí, curtiu a história da Vanessa? Você também tem uma história de superação como a dela? Conta pra gente aqui nos comentários e bora incentivar outras pessoas a terem hábitos mais saudáveis e fazer do esporte um estilo de vida, e não apenas a busca pelo emagrecimento na balança.
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