O quadril pode ser acometido por dores e afecções que podem ser desencadeadas durante uma corrida sem preparo e sem aquecimento adequado. No geral, artrite, bursite, dores musculares e compressão nervosa são as causas mais comuns da dor no quadril na população. Porém em atletas o impacto direto ou indireto e o uso excessivo da musculatura podem acarretar dores, lesões e queixas no consultório.
Por isso, é importante ficar atento aos sinais de alarmes do seu corpo, respeitando seus limites para prevenir estiramento e lesões musculares levando uma condição crônica. As dores no quadril e virilha são, muitas vezes, resultado de um estiramento do músculo adutor ou distensão muscular da origem do quadríceps. Quer saber mais sobre dores no quadril? Veja aqui 15 causas comuns no texto da Dra. Ana Paula Simões Ferreira.
- Bursite trocanteriana – Uma das principais causas de dor na região lateral do quadril, a bursite trocanteriana é uma inflamação da bursa sinovial (uma bolsa repleta de fluido) localizada sobre o trocanter do fêmur com função de reduzir o atrito entre as estruturas (músculos, tendões e ossos) quando inflamada causa dor com o movimento do quadril. Em corredores o uso excessivo da articulação está relacionada com o aparecimento dos sintomas, mas também pode ser provocada por queda ou impacto que resulta na inflamação da bursa do quadril. Em uma pancada/trauma direto o íleo um dos grandes ossos da pelve pode sofrer uma contusão e o atleta terá dor durante quase todo o movimento do quadril, resultando em limitação de movimento e interrupção da atividade. O tratamento pode ser eficaz, mas os sintomas podem ser persistentes, portanto não hesite em procurar ajuda médica.
- Fratura por estresse – Ocorre pelo desbalanço entre o desgaste( sobrecarga) e a regeneração óssea, principalmente em corredores de longa distância. É uma lesão decorrente do número repetitivo de movimentos localizados onde há uma sobrecarga óssea, resultando em micro-traumas no trabeculado osseo. É mais comum em mulheres do que em homens e está associada a nutrição deficiente, distúrbios alimentares e endocrinológicos. Manter uma alimentação adequada e respeitar os limites e sinais do corpo é fundamental para evitar esse tipo de lesão. Como outros tipos de fraturas ósseas, deve-se permitir que o osso cicatrize, evitando exercícios e atividades de impacto.
- Lesão labral – o labrum do quadril também chamado de lábio do acetábulo é uma braçadeira de tecido grosso (fibrocartilagem) que cerca a articulação do quadril. Ele confere estabilidade ao quadril. Quando ocorre uma lesão no lábio do acetábulo, um pedaço deste tecido pode se soltar ou apenas estar lesionado na articulação causando dor e sensações dolorosas ou estalos articulares.
- Hérnias – Frequentemente geradas em atividades desportivas que requerem esforço repetitivo com mudança de direção e em altas velocidades. O problema é provavelmente devido a um desequilíbrio das forças musculares da coxa (mais fortes) e os músculos relativamente fracos do abdômen que sofrem uma pequena lesão na sua fáscia (tecido de sustentação) gerando uma exteriorização intermitente ou definitiva do tecido subjacente causando dor e aumento de volume local.
- Pubalgia – É uma lesão comum em corredores de longa distância, causada por esforço repetitivo na região da sínfise púbica ou na origem da musculatura adutora. Isso ocorre porque acima do osso púbis se inserem os músculos abdominais e abaixo do púbis se inserem os músculos adutores da coxa, assim, a dor na pelve pode irradiar para as coxas e abdômen. A ultrassonografia da região inguinal permite verificar o nível de rarefação óssea e fazer o diagnóstico diferencial com as hérnias. Pode ocorrer degeneração óssea, cisto, arrancamento e fraturas de estresse nos estágios avançados devido ao desequilíbrio muscular, chegando até a necrose óssea.
- Ressalto do quadril – é definido por cliques ou estalidos na movimentação do quadril que ocorre devido ao atrito do tendão sobre uma proeminência óssea. Essa síndrome é uma palavra usada para descrever três problemas distintos: O primeiro é quando a banda iliotibial que se insere sobre o lado de fora da perna fica dolorida. A segunda ocorre quando o flexor profundo do quadril sofre pressões sobre a frente da articulação. Finalmente, as lágrimas da cartilagem, ou labrum, provocam uma sensação de desencaixe.
- Subluxação – subluxação de quadril é uma lesão caracterizada pela saída parcial da cabeça do fêmur do acetábulo (empurrado parcialmente para fora da articulação) e está sendo reconhecido como uma possível causa de dor em atletas. A luxação completa da articulação de quadril é uma lesão muito incomum – ocorrem mais em acidentes automobilísticos de alta velocidade.
- Artrite/artrose do quadril – É o chamado “desgaste” da articulação do quadril, atletas mais velhos ou que praticam esportes que geram sobrecarga na articulação podem experimentar rigidez e dor nas articulações, como resultado de artrite de quadril. A osteoartrite é uma das causas mais comuns de dor crônica do quadril para os atletas e não-atletas também. A osteoartrite é causada por desgaste ou degeneração das cartilagens do quadril. Ao longo do tempo, a cartilagem que envolve a articulação se desgasta expondo a superfície óssea, gerando dor e limitação à movimentação. Há muitos tratamentos disponíveis, incluindo exercícios de fortalecimento apropriados, mas quando os tratamentos conservadores falham, a cirurgia de substituição (prótese) pode ser uma opção.
- Lombalgia – embora não seja um problema da região do quadril, problemas lombares podem estar relacionados à causa de dor ao redor das nádegas e quadris.
- Síndrome da banda iliotibial – Síndrome da banda iliotibial – A banda iliotibial é uma faixa fibrosa situada na parte lateral da coxa e durante a corrida atua como um estabilizador, o excesso de uso e o atrito nas estruturas adjacentes pode torná-lo irritável causando dor aguda e persistente em ambos os joelhos e dor no quadril em atletas.
- Avulsão do tendão – Os isquiotibiais (músculos posteriores da coxa) têm ação sobre o joelho e o quadril. Atletas que praticam esportes que exigem acelerações ou desacelerações bruscas ao correr tendem a lesionar os isquiotibiais. O tendão pode ser leve ou severamente tracionado causando dor súbita e acentuada na parte posterior da coxa. Tratamento de um tendão avulsionado dependerá do grau da lesão, mas repouso, gelo, compressão e elevação podem acelerar a recuperação.
- Sindrome iliopsoas – A principal ação motora do músculo iliopsoas é a flexão do quadril. Essa síndrome gera uma dor profunda na parte antero-superior da coxa, próxima à virilha. Este tipo de dor pode estar relacionado com bursite iliopsoas (inflamação da bursa iliopsoas) ou tendinite iliopsoas (irritação e inflamação do tendão iliopsoas). A condição ocorre comumente em dançarinos, ginastas e atletas que realizam movimentos repetidos de flexão de quadril, gerando atrito e inflamação.
- Síndrome do piriforme – O músculo piriforme fica localizado na região posterior e profunda do quadril, próximo ao nervo ciático pode ser causa de dor nos glúteos (nádega) e dor ciática em alguns atletas. Se esse músculo se torna contraído e tenso, quando encurtado ele pode pressionar o nervo ciático, que passa por baixo. A dor frequentemente irradia para a parte de trás da coxa ou até a parte inferior das costas.
- Dor no cóccix – O cóccix é formado por três a cinco vértebras que estão agrupadas na porção final da coluna vertebral, a maioria das lesões são devido a uma queda ou trauma direto com o cóccix. A gravidade das lesões no cóccix pode variar de acordo com o mecanismo da lesão, de contusão até uma fratura com desvio. Lesões como essa podem ser curadas por conta própria mas, ainda assim, deve ser diagnosticada e tratada por um médico.
- Tendinites – muito comum, nos glúteos e isquio tibiais, mas pode ocorrer em qualquer tendão onde ocorre um desequilíbrio entre a solicitação e a força que o tendão tem. Tendinite é a inflamação ou irritação de um tendão (parte final do músculo, como uma corda fibrosa que faz a fixação dos músculos aos ossos). Eles servem para transmitir a força de contração muscular necessária para mover um osso. É preciso corrigir esse desequilíbrio para tratar e evitar recidivas
Esse texto é apenas ilustrativo e para citar algumas das dores do quadril que podem gerar incapacidade para a prática esportiva. Uma vez observada uma dor em que se assemelham às descritas acima, procure um médico para ser feito o correto diagnóstico e tratamento para que o problema não se agrave.
Dra. Ana Paula Simões Ferreira (Professora Instrutora e Mestre em Ortopedia e Traumatologia) + Lidia J. Nunes Fernandes (Acadêmica de medicina).